terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Annabel Lee




It was many and many a year ago,
In a kingdom by the sea,
That a maiden there lived whom you may know
By the name of Annabel Lee;
And this maiden she lived with no other thought
Than to love and be loved by me.

I was a child and she was a child,
In this kingdom by the sea:
But we loved with a love that was more than love -
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.

And this was the reason that, long ago,
In this kingdom by the sea,
A wind blew out of a cloud, chilling
My beautiful Annabel Lee;
So that her high-born kinsmen came
And bore her away from me,
To shut her up in a sepulchre
In this kingdom by the sea.

The angels, not half so happy in heaven,
Went envying her and me -
Yes! that was the reason (as all men know,
In this kingdom by the sea)
That the wind came out of the cloud one night,
Chilling and killing my Annabel Lee.

But our love it was stronger by far than the love
Of those who were older than we -
Of many far wiser than we -
And neither the angels in heaven above,
Nor the demons down under the sea,
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabel Lee;

For the moon never beams without bringing me dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I feel the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so, all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling -my darling -my life and my bride,
In the sepulchre there by the sea -
In her tomb by the sounding sea.


- Edgar Allan Poe

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Borracha



"Eu amo você para sempre."

Certa vez eu amei alguém para sempre.
Até que cessei a noção de tempo
e fiquei só com a indeterminação do amor.
Mas o amor era certeiro,
e perdurou por tempo determinado.
Até que restou você e Eu
E Eu passei a acreditar na meditação,
no veganismo e no perdão.

Então, perdi o você
e ganhei o Eu.
E desde daquele momento
eu parei de utilizar o para sempre
pra não cair em tormento
com todo esse meu
solipsismo duvidoso.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sandman


E se um dia me perguntassem
de onde raios você surgiu
talvez eles não acreditassem
que foi de um sonho infantil.

Seu manto negro o oculta
sua máscara antiga o revela
sua voz grave ainda se escuta
por toda parte, rindo com Ela.

Nada foi sua musa
corajosa, inteligente e bela
foi perdida pela recusa
de fazer dos sonhos, sua amável cela.

O Reino dos Mortos ela preferiu
entristecendo a sua existência
e no Domínio dos Sonhos se descobriu
o verdadeiro significado de ausência.

E assim Sandman continua
Tecendo sonhos sob a luz da Lua
Achando graça de tanta humana incoerência.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aujourd'hui le matin etait gris



Como não estar aqui nessa manhã cinza
Se é por você que abro os olhos todos os dias.

Como não encontrá-lo nessa tarde vazia
Se você a preenche como ninguém o faria.

Como não esperá-lo nessa noite fria
Se é a sua presença minha maior fonte de alegria.

Como não sonhá-lo nessa madrugada sombria
Se é você quem dissipa meus pesadelos me abraçando com suas mãos frias.

Como não perceber nessa outra mesma manhã cinza
Que você foi minha mais bela alucinação no decorrer de todo dia.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sombra



Encontro-te onde não te procuro
nas pequenas coisas e nas gigantes
és o meu superego, meu amante
meu vasto céu noturno, brilhante e escuro.

Perco-te onde não te deixo
nas ruas vazias, na praça lotada
quase esqueço de mim, cansada
e por pouco não lamento o desleixo.

Escuto-te quando te calas
sua voz permanece em minha mente
dizendo-me que quando ausente
através de mim a todos, tu falas.

Vejo-te onde não estás
sua sombra segue incessante
Ah! Meu cavaleiro errante
certeiro em seu delirio audaz.

Faças de mim tua amazona
por tempo indeterminado
ainda que eu não seja capaz.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Repressão



Reviro-me a sua procura
e nada encontro
o vazio se propaga
cada vez que me afasto
e eu não posso beijá-lo.

Não poder dar-lhe as mãos
ou tê-lo exclusivamente
perto demais
fere-me
e eu não posso abraçá-lo.

Enquanto eu souber
que você existe
longe demais
vou querer estar ao seu lado
e eu não posso encontrá-lo.

Mas o pior é que
não mudaremos
será sempre
meu sonho apaixonado
e eu não posso desamá-lo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mustafa Malik Abdul-Muta'al


Nomeei-o de várias formas
e chamei-o nas noites frias,
assim como nas quentes.

E estavas presente,
fiel escudeiro dos outros,
mas pouco sabias de si próprio, ou de mim.

Eras tu, Mustafa: O escolhido
De todos, Malik: o mestre, o anjo negro
que protegia a todos, assim:
lideravas do alto, Abdul-Muta'al
e seu povo o seguia, afinal
eras tu, o cavaleiro errante,
perdido e encontrado
justo e desalmado
belo e delirante.

Mas sei que não importa
quantos nomes eu lhe dê
ou de quantas maneiras
diferentes eu lhe chame,
porque já vives dentro de mim
como uma chama fria,
inapagável e inesgotável
como um som
incessantemente retumbante.

Lua Crescente


Se seu brilho entorpecente
deixasse os vivos repentinamente
e subisse aos céus, finalmente
tomaria o lugar da Lua Crescente.

Uma visão solitária invade minha mente
você com esse brilho contente
ascendendo ao céus de repente
tomando o lugar da Lua crescente.

As estrelas com ciúmes possivelmente
deixariam este céu ferozmente
só para dar lugar ao seu brilho remanescente.

Que iluminaria todo este céu novamente
este meu céu negro somente
onde seu brilho é o único existente.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tuas cores


Cor sim, cor não
essa foi a primeira impressão
daquilo que superficialmente
percebi em você.

Além das cores, de repente
havia sutileza e poder
na voz, nos gestos escondidos
para que ninguém pudesse te ver.

E ninguém te viu,
porque te escondias
tão sorumbático dentro de si
que as cores pareciam frias.

Até o surgimento do fogo,
que ardeu nos meus olhos
fazendo-me ver: o jogo
e as cores que estaria sujeita
se acaso sucumbisse.

Então tu te mostrastes aparente
como um sonho enevoado
multiplicado pelas cores do passado
e materializado, ainda que ausente.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Visita ao inferno (Apologia a Bela Adormecida)



Os fantasmas da noite me perseguem
por entre as sombras escuto gemidos
vejo silhuetas que giram e mexem
e que ao me fitarem, perco os sentidos.

Jazendo inerte na cama eu me vejo
com os mais terríveis e sombrios pesadelos
tiraram-me a Lua, as estrelas, seus beijos
e até meu Sol transformou-se em gelo.

As montanhas não mais existem
o incansável vento parou de soprar
flores amarelas nunca mais crescem
nestes campos cinzas que insisto em pisar.

Procuro algo e não encontro
acho um céu escuro e vazio
de um pássaro escuto um canto
que despedindo-se, cai morto e frio.

Procuro algo e não encontro
choro em prantos no meu delírio
ando mais rápido e me defronto
com o vermelho sangue de um rio.

Cansada de procurá-lo
penso muito em desistir
e por um triz quase não escapo
de uma besta a me perseguir.

O silêncio torna-se torturante
o cheiro de morte intragável
mas minha procura é incessante
m meu amor incomensurável.

Lembro das noites estreladas
que ao seu lado admirei
sinto saudade dos inocentes afagos
que aqui no inferno não mais terei.

Arrastando-me pelo lodo
sinto minha força se extinguir
vejo feras saindo do fogo
ansiando por me engolir.

A dor dilacera minha alma
meus olhos não mais enxergam
minha voz agora se cala
e os demônios me atormentam.

Desejo tanto que sua voz escuto
e de repente sinto o vento
uma luz surge ao fundo
fazendo brilhar o firmamento.

Sei que é você vindo me salvar
meu herói, meu anjo eterno
veio do céu para me procurar
e achar justamente no inferno.

"Meu amor, finalmente te encontrei
estavas a mercê da sorte
mas agora te salvarei."

E desse pesadelo tenebroso
com um beijo amoroso
finalmente eu despertei.



(Fevereiro de 2004)

sábado, 13 de março de 2010

Forsaking the Blessed Realms


Why did you bring all this happyness to me
Even if I didn't want it?
Why were you so perfect
That I couldn't desire anyone else in my life?
How did you know all the words I wanted to heard
If I tried to hide them deeply inside my frozen heart?
Why were you in my life
If I didn't deserve the best one?
How do your eyes always stare at mine
Like I was the only person on earth
That could understand all your feelings,
If I wanted you to love only me?
Why is the darkness so bright, the pain so sweet,
the cold so warm when you are with me?
Why can't I tell you these things
If I want so much forever stay by your side?
I just want to ask you to forgive me,
Cause during a long time
I was lost inside my doom and sorrows
Then, I found you, my true north,
my precious, my silmarill, my Beren.

Forgive me to forsake the Blessed Realms
And choose to love you.


(For Beren - February 2004)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Paz



Dizem que quando
nos sentimos realmente plenos
nossa mente se esvazia,
e experimentamos uma paz
desmedida e incomunicável:
quase fria.

Inúmeras vezes
desejei e
inventei o caos
como matéria prima
da minha criação e
inspiração.


Não entendia o que era
paz.
E continuo sem entender bem.
Porque sei,
intuitivamente
que é dela
que eu mais me afasto
quando na verdade
ela faz parte
daquilo que eu mais preciso.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A Succubus de Nabokov


Sugando toda a minha vida
Sorvendo todos os meus pecados
ela apareceu.

Radiante e falsamente inocente
fazia o tempo parar
ao seu bel prazer.

Foi a visão mais bela
que eu tive.
A criatura pequena e delicada
de cabelos longos,
caminhando provocante
em minha direção.

Seus grandes olhos amendoados
tiravam-me o fôlego.
E eu a desejava
noite e dia.

Certa vez ela me beijou,
docemente,
como uma pequena feiticeira.
E, desde então,
cometo
meus maiores pecados,
e, escondo
meus sórdidos desejos.

Mesmo sabendo
que minha súcubo particular
nunca me desejaria inteiramente.

Pois ela é uma criança,
uma ninfa diabólica e perdida.
E eu uma simples testemunha
da sua divina aparição.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nine (Ele odeia musicais)


"Não faz sentido algum!"
Exclamava irritado
por ter escolhido o filme errado.

"É insano cantar assim o tempo todo."
Insano é ao dia não encontrá-lo
e a noite não sonhá-lo.

"Preciso comer. Esquecer do filme."
Preciso é de você ao meu lado
com esse ar apaixonado.

"Como você está quente."
Não se iluda, meu amor
é sua presença que provoca o calor.

"Nossa! Perdi a noção da hora!"
Acontece a todo momento
você vai embora e eu morro por dentro.

"Quero te beijar."
Pois faça-o agora
Beije-me sem demora
Se não, começo a cantar.


"Tudo menos isso!"
Protesto!

=)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ele


Inesperado
como uma chuva de verão
ele surgiu.

Conquistou-me rápido
como se esse fosse
o objetivo
mais coerente
da sua existência.

E eu sucumbi.

Sucumbi,
como se desiste
de pequenas coisas na vida.
E das grandes,
sem qualquer arrependimento.

Sucumbi,
como uma pequeno
e indefeso
filhote de lobo
perdido na neve.

E ele me encontrou.

Como se encontra
pequenos tesouros
misteriosamente escondidos
e perdidos.

Por isso,
poderiam se passar
tempos e décadas que
eu não me encontraria
até que ele
aparecesse
com toda sua certeza latente.

E parece-me tão fácil imaginar
um vida repleta dele.
Dos seus sonhos e desejos
diretos,
dos seus risos, piadas e
afetos.
E,
Do seu amor
sutilmente
desperto.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Sol


Você prevaleceu no meu horizonte
como algumas estrelas que teimam
ainda por muito tempo,
em se instalar no céu
mesmo depois de anoitecer.

E eu te admirei em cada mísero detalhe
cada sorriso triste
cada vício que te matava
cada loucura que só por mim você fez
cada madrugada.
Todas as conversas,
das ambíguas
às mais diretas.

E te amei por isso.

Por todos os poemas
e noites mal dormidas.
Por ter me feito alguém melhor
e também pior.
Por compartilhar segredos indizíveis
e sensações mal explicadas.
Por não esquecer da sua essência
(ou existência).
E fatalmente pela pele marcada.

Mas, principalmente,
por ser tão diferente de tudo
e de todos, que seu brilho
acabaria ofuscando outros
por tempo indeterminado.

Como aquele Sol capaz
de apagar todo e qualquer brilho
de outra estrela longínqua no céu.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Meu riso


Seu amor calmo e sublime
preencheu minhas dúvidas
e meus dias.
E eu ri.

Ri,
como se acha graça
das pernas finas
de certas moças,
ou de mexicanos
desajeitados
e imberbes.

Ri de tudo.

Do seu amor infantil
da sua certeza latente
e da sua proteção acolhedora.
Ri até do seu jeito correto,
do seu olhar atento
dos seus elogios diretos.
Ri da sua risada
desencadeada pelo meu riso.

E então eu ri.

Como se toda felicidade
do mundo pudesse
se concentrar
no exato momento
em que você desencadeia
todas as minhas risadas.

Porque é por você
agora
que eu rio.
Como não fazia há séculos
como eu já havia me esquecido.

Porque o riso que você provoca
não é aquele riso
completamente fugaz.
É o riso da alegria
incontida e capaz
de motivar toda a minha vida
e mais;
de curar velhas feridas
que já não me doem;
jamais.

Porque você, meu amor
detém minha risada
mais sincera
mais alegre
mais bela
e exclusivamente sua.

E talvez ainda
nem saiba
muito bem disso.



28/12/2009

Espelho


E cada vez que eu me deparo
com sua imperfeição
surpreendo-me por não
encontrar um real motivo
para deixá-lo.

Minha frustração me repugna
e eu gostaria de não ligar tanto
para as frivolidades da existência.

Se sua companhia bastasse
sua devoção
seus poemas
suas noites
perturbadas e insones
seus risos abafados,
tudo aquilo que duvido
em mim
mudaria de rumo
e talvez eu depositasse em você
meus últimos sentimentos
meus últimos suspiros
meus últimos poemas
meus últimos ciúmes
meus últimos risos
e meu último amor.

Mas, não sei se por ora
isso que você é
simplesmente me basta.

Estive perto de deixá-lo,
mas não sei dizer se foi por mim
ou por aquilo que as pessoas
queriam que eu fosse.

Odeio quando você me reflete
assim, cheio de imperfeições
porque é exatamente nessa hora
que eu finjo ser perfeita
sem sucesso algum.



08/12/2009