quarta-feira, 14 de abril de 2010

Visita ao inferno (Apologia a Bela Adormecida)



Os fantasmas da noite me perseguem
por entre as sombras escuto gemidos
vejo silhuetas que giram e mexem
e que ao me fitarem, perco os sentidos.

Jazendo inerte na cama eu me vejo
com os mais terríveis e sombrios pesadelos
tiraram-me a Lua, as estrelas, seus beijos
e até meu Sol transformou-se em gelo.

As montanhas não mais existem
o incansável vento parou de soprar
flores amarelas nunca mais crescem
nestes campos cinzas que insisto em pisar.

Procuro algo e não encontro
acho um céu escuro e vazio
de um pássaro escuto um canto
que despedindo-se, cai morto e frio.

Procuro algo e não encontro
choro em prantos no meu delírio
ando mais rápido e me defronto
com o vermelho sangue de um rio.

Cansada de procurá-lo
penso muito em desistir
e por um triz quase não escapo
de uma besta a me perseguir.

O silêncio torna-se torturante
o cheiro de morte intragável
mas minha procura é incessante
m meu amor incomensurável.

Lembro das noites estreladas
que ao seu lado admirei
sinto saudade dos inocentes afagos
que aqui no inferno não mais terei.

Arrastando-me pelo lodo
sinto minha força se extinguir
vejo feras saindo do fogo
ansiando por me engolir.

A dor dilacera minha alma
meus olhos não mais enxergam
minha voz agora se cala
e os demônios me atormentam.

Desejo tanto que sua voz escuto
e de repente sinto o vento
uma luz surge ao fundo
fazendo brilhar o firmamento.

Sei que é você vindo me salvar
meu herói, meu anjo eterno
veio do céu para me procurar
e achar justamente no inferno.

"Meu amor, finalmente te encontrei
estavas a mercê da sorte
mas agora te salvarei."

E desse pesadelo tenebroso
com um beijo amoroso
finalmente eu despertei.



(Fevereiro de 2004)

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