quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mustafa Malik Abdul-Muta'al


Nomeei-o de várias formas
e chamei-o nas noites frias,
assim como nas quentes.

E estavas presente,
fiel escudeiro dos outros,
mas pouco sabias de si próprio, ou de mim.

Eras tu, Mustafa: O escolhido
De todos, Malik: o mestre, o anjo negro
que protegia a todos, assim:
lideravas do alto, Abdul-Muta'al
e seu povo o seguia, afinal
eras tu, o cavaleiro errante,
perdido e encontrado
justo e desalmado
belo e delirante.

Mas sei que não importa
quantos nomes eu lhe dê
ou de quantas maneiras
diferentes eu lhe chame,
porque já vives dentro de mim
como uma chama fria,
inapagável e inesgotável
como um som
incessantemente retumbante.

Lua Crescente


Se seu brilho entorpecente
deixasse os vivos repentinamente
e subisse aos céus, finalmente
tomaria o lugar da Lua Crescente.

Uma visão solitária invade minha mente
você com esse brilho contente
ascendendo ao céus de repente
tomando o lugar da Lua crescente.

As estrelas com ciúmes possivelmente
deixariam este céu ferozmente
só para dar lugar ao seu brilho remanescente.

Que iluminaria todo este céu novamente
este meu céu negro somente
onde seu brilho é o único existente.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tuas cores


Cor sim, cor não
essa foi a primeira impressão
daquilo que superficialmente
percebi em você.

Além das cores, de repente
havia sutileza e poder
na voz, nos gestos escondidos
para que ninguém pudesse te ver.

E ninguém te viu,
porque te escondias
tão sorumbático dentro de si
que as cores pareciam frias.

Até o surgimento do fogo,
que ardeu nos meus olhos
fazendo-me ver: o jogo
e as cores que estaria sujeita
se acaso sucumbisse.

Então tu te mostrastes aparente
como um sonho enevoado
multiplicado pelas cores do passado
e materializado, ainda que ausente.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Visita ao inferno (Apologia a Bela Adormecida)



Os fantasmas da noite me perseguem
por entre as sombras escuto gemidos
vejo silhuetas que giram e mexem
e que ao me fitarem, perco os sentidos.

Jazendo inerte na cama eu me vejo
com os mais terríveis e sombrios pesadelos
tiraram-me a Lua, as estrelas, seus beijos
e até meu Sol transformou-se em gelo.

As montanhas não mais existem
o incansável vento parou de soprar
flores amarelas nunca mais crescem
nestes campos cinzas que insisto em pisar.

Procuro algo e não encontro
acho um céu escuro e vazio
de um pássaro escuto um canto
que despedindo-se, cai morto e frio.

Procuro algo e não encontro
choro em prantos no meu delírio
ando mais rápido e me defronto
com o vermelho sangue de um rio.

Cansada de procurá-lo
penso muito em desistir
e por um triz quase não escapo
de uma besta a me perseguir.

O silêncio torna-se torturante
o cheiro de morte intragável
mas minha procura é incessante
m meu amor incomensurável.

Lembro das noites estreladas
que ao seu lado admirei
sinto saudade dos inocentes afagos
que aqui no inferno não mais terei.

Arrastando-me pelo lodo
sinto minha força se extinguir
vejo feras saindo do fogo
ansiando por me engolir.

A dor dilacera minha alma
meus olhos não mais enxergam
minha voz agora se cala
e os demônios me atormentam.

Desejo tanto que sua voz escuto
e de repente sinto o vento
uma luz surge ao fundo
fazendo brilhar o firmamento.

Sei que é você vindo me salvar
meu herói, meu anjo eterno
veio do céu para me procurar
e achar justamente no inferno.

"Meu amor, finalmente te encontrei
estavas a mercê da sorte
mas agora te salvarei."

E desse pesadelo tenebroso
com um beijo amoroso
finalmente eu despertei.



(Fevereiro de 2004)