domingo, 29 de novembro de 2015

Tornando-se máquina




Por que você simplesmente
não vai embora?
Por que querer estar só
nessa metade insuficiente?

Não se iluda.
O afastamento será inevitável
e a dor, necessária.
Depois da meta alcançada...
Alívio!

O nada era tão mais completo.
O inacessível tão reconfortante.
Mas você cedeu,
e o que era puro se perdeu.
O que era diferente,
tornou-se igualmente
parecido com os outros!

E eu me esvaí,
sem vontade.
E o que eu anseio?
Liberdade
para escolher não sentir.

domingo, 1 de novembro de 2015

Os viajantes






Por que não me acompanhas
nestas longas viagens da vida
nestas, que não se quer voltar?

Por onde teus passos descansam?
Por onde eles querem passar?
Acompanhe-me nesta aventura
por céu, por terra ou por mar.

Por que não vens andar comigo
por estas estradas brancas
por estas terras coloridas?
Vem por onde me encantas!
Nestas terras brandas
por estas estradas da vida.

Vem, me acompanhas!
Venhas ver estes pássaros exóticos
Sentir este cheiro de almíscar
Ver toda Via-Láctea brilhar
através deste velho telescópio.

Venha ouvir estes sons quietos
a música por trás da selva
este povo que ainda reza
na velha língua dos afetos

Vens andar comigo,
de mãos dadas, a falar
das comidas estranhas
das senhoras gordinhas
do sotaque dos nordestinos
da velha estranha a fiar.

Vens! Caminhes ao meu lado
aconchegue minha mão
dê-me um beijo estalado
tire-me do chão.

Vejo assim, somente:
ombros e braços
como se meu equilíbrio
meu todo descalço
não fosse nada sem o seu.