quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Ente e a Essência


O que aprecio em você
não são simplesmente seus olhos
ou a cor que eles possuem
quando refletem a luz do Sol.
O que eu amo
é a forma como você me olha
desvendando cada parte do meu ser.

O que aprecio em você
não é apenas o formato da sua boca
ou o jeito como você me beija,
são as palavras doces e reconfortantes
que somente sua voz
consegue musicalizar.

O que aprecio em você
não é apenas o balançar do seu corpo
indo e vindo desleixado
É a forma como tudo ao redor
parece incandescer de paixão e alegria
no exato momento em que você chega.

O que aprecio em você
não é apenas seu cérebro formidável
é a forma como você o usa,
com sensibilidade e empatia
capaz de dar sentimentos
a uma simples pedra fria.

E no fim
eu acabo apreciando
tanto tudo em você
que me faltam palavras
sons
ou
músicas
capazes de expressar
exatamente o que você me faz sentir
ou perceber.

E eu acabo
paralizada no meu silêncio
olhando, apreciando e admirando
tudo que existe somente em você.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

"November Rain"


E embalada
nessa chuva quente de novembro
deixo minhas lembranças escorrerem
como se desfizessem
aos poucos
todo mal que lhe causei
e que você me causou.

Agora você está livre
de todo caos
que sempre representei
pra você.
A calmaria pode fincar
raízes no seu manso
jeito de ser.

E fico feliz por isso.

Por ver escorrer a chuva
pela janela do ônibus
imaginando quantas
lágrimas despencaram
por sua causa, como
essa chata chuva quente de novembro.

Mas que como uma simples chuva
ela se dissipa
para que chegue
um belo Sol aconchegante
que vai secar
cada gota
entristecida e machucada
que porventura
teimou em cair.

E a chuva que parecia
doce e mansa
agora mostra-se
chata e impertinente.

Mas que como qualquer
outra chuva
ela simplesmente
termina.

sábado, 14 de novembro de 2009

Silencia


Assim termina o dia
com sua ausência calculada
sob esta chuva fina
e quente de novembro
contornando a janela fechada

suas palavras ecoam dramáticas
como o último suspiro mudo
de uma pequena
e frágil flor
prestes a ser arrancada
de um precipício
seguro e acolhedor

aqueço meu coração
esperando aquele exato momento
em que você vai me dizer
tudo aquilo que não consegue
dizer
nem pra você mesmo
nem pra mim
nem mesmo por você


e temo por isso

por toda essa mácula de sensações
reprimidas
contidas
mantidas
secretamente no seu eu mais recôndito.


e temo por isso

porque sei que todo esse
improvável devir descrente
consome seus melhores pensamentos
suas inspirações
sua poesia
seu amor
seu ânimo


e temo por isso

por não fazer parte
dessa sua alucinação
ou por nela estar presente
de forma ausente

e temo
por não tê-lo em minhas mãos
ou em meus braços
e abraços
quando você mais precisa deles
pra voltar pra mim

e então eu espero
como essa mesma flor
ansiosamente
por suas palavras
desabafadas
desabadas
desesperadas
e mormente
silenciadas.


que teimam
constantemente
em não sair.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Inocência


Seus olhos desvelam o meu ser
Como se me perguntassem a todo tempo
Como fui capaz de merecer
Tamanho ardor de sentimento.

Desejei dominá-lo, amá-lo, encontrá-lo,
Fiz-me protetora, paciente e voluntariosa
Preferi não ser eu mesma, para não assustá-lo
E pequei muitas vezes, fingindo ser audaciosa.

Sou uma criança, uns dez anos mais nova
Ainda que não pareça, ainda que eu tema
Sinto que posso ser aquela solitária rosa
Do asteróide B-612 e inventei você, desde pequena.

Meu talismã, minha estrela, meu universo
Meu dia, meu mar, meu sol, minha sorte
Meu anjo, minha inspiração, meu verso
Meu sonho, minha realidade, meu norte.

E antes que eu me deite e a noite desapareça
E que o dia o leve de mim, deixando tristeza
Lembre-se de mim, ainda que eu não mereça.
A saudade dói, embora eu finja que esqueça.