sábado, 11 de julho de 2020

Eu volto




Eu volto.
Quantas vezes for preciso
Eu volto.
Pra esse mundo
Pra essa vida
Pra toda esse caos
Interno e externo
Se for
única e exclusivamente
para ter você.

Enfrento todas as eras do mundo
Todas as reencarnações possíveis
Aprendo sobre a dor,
sob tortura
sobre toda a discórdia
e barulho dos homens.
Faço inimigos
Faço amigos
Enfrento a pobreza
de bens e de espírito.
Mas, com a certeza
de que seremos
um do outro
no final.

Tudo isso vale a pena
Se for pra ter você

Porque nossa imensa
história de amor
Será recontada
de infinitas maneiras
em infinitas existências.
Perpassando mundos,
Universos,
Corpos
e o próprio tempo.
Pois, de certa forma,
todas as histórias de amor
contadas nesse mundo
falam sobre nós.

Que o nosso amor seja infinito.
Para infinitas existências.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ofereço-te




Ofereço-te minha alegria
quando o sol escaldante
se põe no horizonte.

Ofereço-te toda proteção
que tentaram me oferecer
e que por vontade própria nunca tive.

Ofereço-te minhas noites insones
no ápice de toda retumbância
dos meus pensamentos incessantes.

Ofereço-te minhas mãos cansadas,
cegas, coitadas!
Que passaram uma vida inteira
procurando pelas tuas.

Ofereço-te ainda, meus sonhos
porque já és intrínseco a eles
como se deles tivesses surgido.

Ofereço-te enfim,
meu amor decepcionado
por acreditar na eternidade
em meio a tanta fugacidade
deste mundo desalmado.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O amor nos tempos de Kronos




Te amo rompendo a suposta linearidade do tempo,
transitando entre diferentes planos temporais,
em movimentos descontínuos,
na sucessão do tempo cronológico,
onde perco a determinância e,
abordo o amor do presente para enunciá-lo no passado,
ou o oposto.

Te amo no tempo das vivências, das intensidades, dos devires.
Te amo de forma difusa, anti-linear, rizomática;
como algo que se dá devido a existência de outra modalidade temporal.

Te amo como o que Bergson chamaria de duração,
fazendo escapar o tempo,
da sua linearidade e circularidade,
avançando por outras trajetórias.

Por fim, para que entendas,
te amo no tempo que não está sob a égide de Kronos
e sim de Aion.
No devir e na superfície,
sob acontecimentos incorpóreos,
no plano dos efeitos.

Te amo pelo infinito, ilimitado, não-circular e atópico
Então, meu amor,
te amo no meu tempo: longe de Kronos e de Kairós,
entre imanência e a transcendência:
puramente Aion,
medido pelas batidas do seu coração: tun tun.






"Segundo Aion, apenas o passado e o futuro insistem ou subsistem no tempo. Em lugar de um presente que absorve o passado e o futuro, um futuro e um passado que dividem a cada instante o presente, que o subdividem ao infinito em passado e futuro, nos dois sentidos ao mesmo tempo. Ou antes, é o instante sem espessura e sem extensão que subdivide cada presente em passado e futuro, em lugar de presentes vastos e espessos que compreendem, uns em relação aos outros, o futuro e o passado."

Deleuze, Gilles (1969/2003). P. 169. Lógica do Sentido.

Les mots




Tú no te quedas imperfecto.
Es el hombre que podrá hacer lo imposible pour moi.
Les mots empezan a sortir.
Et tu as toute la beauté de la vie.
Et je t'aime
comme les papillions aiment la lumière
avec une soif infinite
hasta morir.

And when the darkness comes
I will desire you, meine sonne scheint,
lals eine flut in my mind.
And I love you
as if you were the first person I met
when my soul was built, vor Äonen.

Спасибо тебе, мой любовь
Por toda la vivacidad, emoción y poesía en mi vida,
Pour l'amour, les rêves et la beauté au cour de mes journées,
For all the things I couldn't see with your help and tenderness
Und für sein mein wahr lebenslangerschicksalsschatz.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Assédio histórico




Eu queria ter visto com você, em 13 de Agosto de 1961, o muro de Berlim pronto e finalizado. Só para que pudéssemos apreciar a sua queda em 9 de novembro de 1989.

Queria liderar ao lado de César a singela legião romana, precursora da guerra civil, em janeiro de 49 a.C. "Alea jacta est!", e você estaria lá para que eu não fosse cruel.

Queria ter feito um lanchinho com Cleópatra as margens do Nilo discutindo filosofia com você em grego antigo observando as pragas do Egito.

Queria seus olhos marejados, admirados, através das lentes dos seus óculos no dia 2 de dezembro de 1970 no Collège de France enquanto nosso mestre falasse em discursos.

Mas eu queria tantas coisas!
Que uma vida não seria suficiente para vivê-las.
Então a gente senta no bar, fuma uns cigarros, bebe alguns chops na Nóbrega e pensa em todas essas vidas que não tivemos.

domingo, 29 de novembro de 2015

Tornando-se máquina




Por que você simplesmente
não vai embora?
Por que querer estar só
nessa metade insuficiente?

Não se iluda.
O afastamento será inevitável
e a dor, necessária.
Depois da meta alcançada...
Alívio!

O nada era tão mais completo.
O inacessível tão reconfortante.
Mas você cedeu,
e o que era puro se perdeu.
O que era diferente,
tornou-se igualmente
parecido com os outros!

E eu me esvaí,
sem vontade.
E o que eu anseio?
Liberdade
para escolher não sentir.

domingo, 1 de novembro de 2015

Os viajantes






Por que não me acompanhas
nestas longas viagens da vida
nestas, que não se quer voltar?

Por onde teus passos descansam?
Por onde eles querem passar?
Acompanhe-me nesta aventura
por céu, por terra ou por mar.

Por que não vens andar comigo
por estas estradas brancas
por estas terras coloridas?
Vem por onde me encantas!
Nestas terras brandas
por estas estradas da vida.

Vem, me acompanhas!
Venhas ver estes pássaros exóticos
Sentir este cheiro de almíscar
Ver toda Via-Láctea brilhar
através deste velho telescópio.

Venha ouvir estes sons quietos
a música por trás da selva
este povo que ainda reza
na velha língua dos afetos

Vens andar comigo,
de mãos dadas, a falar
das comidas estranhas
das senhoras gordinhas
do sotaque dos nordestinos
da velha estranha a fiar.

Vens! Caminhes ao meu lado
aconchegue minha mão
dê-me um beijo estalado
tire-me do chão.

Vejo assim, somente:
ombros e braços
como se meu equilíbrio
meu todo descalço
não fosse nada sem o seu.