quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ele


Inesperado
como uma chuva de verão
ele surgiu.

Conquistou-me rápido
como se esse fosse
o objetivo
mais coerente
da sua existência.

E eu sucumbi.

Sucumbi,
como se desiste
de pequenas coisas na vida.
E das grandes,
sem qualquer arrependimento.

Sucumbi,
como uma pequeno
e indefeso
filhote de lobo
perdido na neve.

E ele me encontrou.

Como se encontra
pequenos tesouros
misteriosamente escondidos
e perdidos.

Por isso,
poderiam se passar
tempos e décadas que
eu não me encontraria
até que ele
aparecesse
com toda sua certeza latente.

E parece-me tão fácil imaginar
um vida repleta dele.
Dos seus sonhos e desejos
diretos,
dos seus risos, piadas e
afetos.
E,
Do seu amor
sutilmente
desperto.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Sol


Você prevaleceu no meu horizonte
como algumas estrelas que teimam
ainda por muito tempo,
em se instalar no céu
mesmo depois de anoitecer.

E eu te admirei em cada mísero detalhe
cada sorriso triste
cada vício que te matava
cada loucura que só por mim você fez
cada madrugada.
Todas as conversas,
das ambíguas
às mais diretas.

E te amei por isso.

Por todos os poemas
e noites mal dormidas.
Por ter me feito alguém melhor
e também pior.
Por compartilhar segredos indizíveis
e sensações mal explicadas.
Por não esquecer da sua essência
(ou existência).
E fatalmente pela pele marcada.

Mas, principalmente,
por ser tão diferente de tudo
e de todos, que seu brilho
acabaria ofuscando outros
por tempo indeterminado.

Como aquele Sol capaz
de apagar todo e qualquer brilho
de outra estrela longínqua no céu.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Meu riso


Seu amor calmo e sublime
preencheu minhas dúvidas
e meus dias.
E eu ri.

Ri,
como se acha graça
das pernas finas
de certas moças,
ou de mexicanos
desajeitados
e imberbes.

Ri de tudo.

Do seu amor infantil
da sua certeza latente
e da sua proteção acolhedora.
Ri até do seu jeito correto,
do seu olhar atento
dos seus elogios diretos.
Ri da sua risada
desencadeada pelo meu riso.

E então eu ri.

Como se toda felicidade
do mundo pudesse
se concentrar
no exato momento
em que você desencadeia
todas as minhas risadas.

Porque é por você
agora
que eu rio.
Como não fazia há séculos
como eu já havia me esquecido.

Porque o riso que você provoca
não é aquele riso
completamente fugaz.
É o riso da alegria
incontida e capaz
de motivar toda a minha vida
e mais;
de curar velhas feridas
que já não me doem;
jamais.

Porque você, meu amor
detém minha risada
mais sincera
mais alegre
mais bela
e exclusivamente sua.

E talvez ainda
nem saiba
muito bem disso.



28/12/2009

Espelho


E cada vez que eu me deparo
com sua imperfeição
surpreendo-me por não
encontrar um real motivo
para deixá-lo.

Minha frustração me repugna
e eu gostaria de não ligar tanto
para as frivolidades da existência.

Se sua companhia bastasse
sua devoção
seus poemas
suas noites
perturbadas e insones
seus risos abafados,
tudo aquilo que duvido
em mim
mudaria de rumo
e talvez eu depositasse em você
meus últimos sentimentos
meus últimos suspiros
meus últimos poemas
meus últimos ciúmes
meus últimos risos
e meu último amor.

Mas, não sei se por ora
isso que você é
simplesmente me basta.

Estive perto de deixá-lo,
mas não sei dizer se foi por mim
ou por aquilo que as pessoas
queriam que eu fosse.

Odeio quando você me reflete
assim, cheio de imperfeições
porque é exatamente nessa hora
que eu finjo ser perfeita
sem sucesso algum.



08/12/2009