terça-feira, 13 de outubro de 2009

O dragão dourado


Um dia resolveram que eu estudaria Direito. Isso deve fazer uns cinco anos no próxmo inverno. Não que isso faça muita diferença, mas só agora me dei conta de que uma das coisas mais importantes e mais estranhas da minha vida aconteceu na faculdade. Ainda bem que escolheram por mim.

Acontece que no primeiro dia, o fatídico dia em que eu realmente daria alguns dedos para não estar ali, tive uma visão; porque, obviamente, aquilo não poderia ser real. Minha mente não seria criativa a ponto de inventar algo como um dragão dourado belo e reluzente olhando pra mim, falando comigo e puxando uma suave discussão envolvendo economia, Marx e provavelmente suas tentativas de salvar o mundo.

Aquilo me perturbou durante semanas. Mas, os outros pareciam não se dar conta daquele enorme dragão soltando fumaça e jogando seu charme pra meninas indefesas. Eu estava enlouquecendo. Sempre gostei de dragões. E ter um assim, do seu lado, faz sua respiração falhar por alguns segundos.

Então, o dragão arrumou uma namorada. Ela era da turma. Eles eram lindos. Mas os dragões são meio azarados no amor como pude perceber mais tarde. E ele se tornou meu amigo. O melhor, o mais forte, o mais belo, o mais cativante, o mais engraçado e bom.

Ele me aconselhava em algumas noites frias. Vinha do reino dos dragões voando suave pra me levar ao cinema. (Ele gostava muito de desenhos 3D). Ria das minhas bebedeiras e de vez em quando esboçava um pseudo-ciúme infantil. E eu o amava, com tudo que se pode amar o dragão mais leal, justo, honesto e belo que existe. Ainda que na minha mente ele pareça uma saudável alucinação. Eu não ligo. Ele será sempre meu dragão.

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