sábado, 14 de novembro de 2009
Silencia
Assim termina o dia
com sua ausência calculada
sob esta chuva fina
e quente de novembro
contornando a janela fechada
suas palavras ecoam dramáticas
como o último suspiro mudo
de uma pequena
e frágil flor
prestes a ser arrancada
de um precipício
seguro e acolhedor
aqueço meu coração
esperando aquele exato momento
em que você vai me dizer
tudo aquilo que não consegue
dizer
nem pra você mesmo
nem pra mim
nem mesmo por você
e temo por isso
por toda essa mácula de sensações
reprimidas
contidas
mantidas
secretamente no seu eu mais recôndito.
e temo por isso
porque sei que todo esse
improvável devir descrente
consome seus melhores pensamentos
suas inspirações
sua poesia
seu amor
seu ânimo
e temo por isso
por não fazer parte
dessa sua alucinação
ou por nela estar presente
de forma ausente
e temo
por não tê-lo em minhas mãos
ou em meus braços
e abraços
quando você mais precisa deles
pra voltar pra mim
e então eu espero
como essa mesma flor
ansiosamente
por suas palavras
desabafadas
desabadas
desesperadas
e mormente
silenciadas.
que teimam
constantemente
em não sair.
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